CARTA A BENTO XVI
Santo Padre:
Deixou em “suspense” o mundo, o fato de Vossa Santidade anunciar que, a partir de 28 de fevereiro, às 20 hs, encerrará o seu Pontificado, e ficará “sede vacante” o governo da Igreja Católica.
É um caso inédito, há seis séculos, a renúncia de um Papa. E surgem, então, as tolices e malícias da imprensa, a insinuar que o Papa teria se exonerado por causa dos escândalos de pedofilia na Igreja.
Não haveria uma outra interpretação, mais benigna e menos escandalosa, sobremodo porque o Papa afinal anunciou, com tanta humildade, a sua renúncia?
De modo algum, porque os maliciosos só podem julgar os outros pela imagem que têm fixa no seu inconsciente.
Santo Padre Bento XVI:
Por mais inesperada que fosse a renúncia de Vossa Santidade, é um fato consumado, diante do qual compete aos cristãos católicos a atitude de suma reverência e respeito, e aos que não são nem católicos e nem cristãos, o bom senso para julgar que cabe ao Papa o mesmo direito que assiste a todo Chefe de Estado, de sentir o ônus que lhe pesa, e a conveniência, ou não, de se afastar deste ônus pela forma legal estabelecida na respectiva Lei Maior.
Vossa Santidade ( Bento XVI para sempre na História ) deixa a
todo o mundo um belíssimo exemplo de humildade. Desveste-se da suprema autoridade na Igreja Católica e torna-se qual simples cristão
a rezar pela própria Igreja. Mas, para todo o mundo, refulge, nesta exemplar humildade, o grande Papa Bento XVI.
Vejo em Vossa Santidade um homem de grande capacidade intelectual, certamente um dos mais capacitados teólogos da nossa Igreja. E, quando afirma que “reconhece sua incapacidade para bem
exercer o ministério que lhe foi encomendado”, seu vulto se agiganta
diante de meus olhos.
Como é edificante para todos nós, ministros da Igreja, esta confissão humilde do Santo Padre! Deixa-nos confusos e admirados
o gesto deste Papa, que era, quando eleito para o supremo Pontificado, o renomado teólogo Joseph Ratzinger.
Santo Padre, humilde Bento XVI, que grande alma, que grande ânimo nos mostrais, a toda a Igreja e a todo o mundo!
Se o admirávamos como Papa, muito e muito mais o admiramos agora, quando o olhamos em sua humildade de eremita, que vai “servir de todo o coração à santa Igreja de Deus, com uma vida dedicada à oração!”
Receba, Santo Padre, nossa admiração, nossa estima, e nosso agradecimento por seu Pontificado, que refulgiu de brilho por seu talento, e se aureola, agora, com o fulgor inextinguível de sua humildade!
Dom Antônio Affonso de Miranda, Sdn , Bispo Emérito da Diocese de Taubaté
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